FONTE DA MATÉRIA ABAIXO: G1
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/policia-e-mp-fazem-operacao-contra-grupo-que-cobrava-propina-para-liberar-corpos-em-iml-do-rio.ghtml
Vereador é preso por cobrar propina para liberar corpos em IML do Rio
MP-RJ e Polícia Civil cumpriram três mandados de prisão. Grupo cobrava para liberar corpos que sequer precisavam de perícia.
Por Bom Dia Rio
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual do Rio prenderam, na
manhã desta terça-feira (8), o vereador Gilberto de Oliveira Lima. Ele e
outros dois suspeitos faziam parte de um esquema criminoso, que,
segundo o MP, cobrava propina para a libertação de corpos depois da
necropsia no Instituto Médico Legal. Alguns desses corpos sequer
precisava passar por esse tipo de exame.
Gilberto de Oliveira Lima também é médico perito. Segundo os
investigadores, chefiou o IML de Campo Grande e liderou o grande esquema
criminoso. Os agentes também prenderam também o diretor geral do
Instituto Carlos Éboli (ICCE-RJ), Sérgio William Silva Miana, e o chefe
de Administração do posto regional de polícia técnica de Campo Grande,
Franklin Silva da Paz.
Os três foram denunciados por associação para prática criminosa e
concussão. Também estão sendo cumpridos 10 mandados de busca e apreensão
na Câmara de Vereadores do Rio e nas residências dos acusados.
De acordo com as investigações, o vereador implantou um esquema
criminoso dentro do referido posto de polícia técnica, junto com os
demais denunciados. O golpe funciona, pelo menos, desde 2014 até os dias
de hoje, envolvendo as empresas funerárias Santa Madalena, Fonseca,
Flor de Campo Grande, Itaguaí e Rio Pax, todas da região, e os Hospitais
Pedro II, Rocha Faria, Albert Schweitzer e Eduardo Rabelo. A fraude
ficou popularmente conhecida como "máfia dos papa-defuntos".
Segundo a denúncia do MPRJ, as funerárias envolvidas no esquema eram
autorizadas a trabalhar na preparação de corpos dentro do IML, para que
eles fossem diretamente para o funeral. A prática é proibida por lei. Em
troca, os três acusados recebiam propina. Para aumentar os lucros, os
hospitais enviavam ao IML corpos de pessoas que tiveram morte natural,
não violenta ou insuspeita e que, portanto, não precisariam passar pelo
posto. Assim, a demanda era sempre alta.
A denúncia aponta que os três comandantes do esquema transformaram o
Posto Pericial do IML de Campo Grande em uma lucrativa empresa de
serviços funerários. No local, também estão sendo cumpridos mandados de
busca e apreensão. As investigações mostram que até funcionários
terceirizados, contratados originalmente para manutenção e limpeza do
prédio, faziam, na verdade, o trabalho de auxiliares de necropsia. Eles
ajudavam na lavagem, arrumação, preenchimento e maquiagem dos cadáveres
para entregá-los preparados, dentro dos esquifes.
Para o Ministério Público fluminense, valendo-se do poder de seus
cargos, os denunciados usaram a estrutura do posto pericial para obter
vantagem econômica, de forma estável e constante, empregando recursos,
equipamentos, servidores e pessoal terceirizado em prejuízo do erário
público, com a realização de "autopsias" desnecessárias por ausência de
razões criminais que as justificassem.
Ainda de acordo com a denúncia, o IML de Campo Grande apresenta,
estatisticamente, um número de atendimentos por morte natural
extraordinariamente superior ao número de perícias por morte violenta.
Segundo as investigações, o posto é o único nesta situação entre os 21
órgãos semelhantes da estrutura da Polícia Civil no Estado do Rio. Em
2015, o serviço atrelado à verificação de óbitos naturais alcançou o
expressivo número de 2.020 cadáveres em Campo Grande, enquanto as
perícias relacionadas à morte violenta foram de 746 corpos. Em 2016,
foram 2.310 mortos por causas naturais e 872 por violência.
Recentemente, os acusados vinham expandindo o esquema de arrecadação de
propina para os demais postos regionais de polícia técnica no Estado do
Rio de Janeiro. O MPRJ também requereu o afastamento dos três
denunciados de suas funções públicas.
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