Idoso morre em UPA à espera de internação
Família lutava na Justiça por vaga em hospital. Estado e município não cumpriram a decisão a tempo
Os médicos alegaram que ele precisava ser transferido para um hospital para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) coronariana, para se submeter a um cateterismo (exame que permite desobstruir as artérias coronarianas). Mas, apesar de a família ter obtido uma liminar ordenando a transferência ainda na madrugada de sexta-feira, o aposentado permaneceu na UPA, por falta de vagas, até sábado de manhã, quando faleceu.Estado alegou, em nota, que houve socorro.
Sobrinha de Pedro, a jornalista Dayse
Tavares contou que ele ficou em observação na sala vermelha da UPA,
destinada a pacientes graves, e na noite de quinta, sofreu uma parada
cardíaca e precisou de mais recursos médicos. O irmão de Dayse, Romualdo
Barreto da Silva, entrou com um pedido de liminar no Tribunal de
Justiça, no início da madrugada de sexta, requerendo a transferência. A
juíza de plantão, Angélica dos Santos Costa, deferiu a tutela antecipada
e determinou que o paciente fosse atendido urgentemente.
A decisão saiu à 1h04. Caso fosse descumprida
em até duas horas, estado e município, responsáveis pela rede pública
hospitalar, pagariam multa de R$ 1 mil por hora de atraso. E se até as
18h de sexta a vaga não fosse providenciada, deveriam arcar com as
despesas na rede privada. Segundo a família, a liminar não foi cumprida e
Pedro passou a sexta-feira na UPA. A transferência só foi providenciada
sábado de manhã, mas já era tarde demais. Na ambulância para ser levado
ao Hospital Ordem Terceira, também na Tijuca, teve outra parada
cardíaca e precisou retornar à UPA, onde morreu.Estado diz que houve socorro
No mesmo dia em que Pedro Queiroz deu entrada na UPA Tijuca, O DIA publicou reportagem mostrando que as unidades de pronto atendimento mantinham pacientes graves internados por falta de leitos em hospitais públicos. A Secretaria Estadual de Saúde alegou, em nota, que “o paciente foi regulado para vaga em unidade coronariana na Central Estadual de Regulação.
” E que “durante sua internação, seguiu recebendo os cuidados necessários ao seu estado, já que as salas vermelha e amarela das UPAs dispõem dos mesmos equipamentos de suporte à vida existentes em leitos de terapia intensiva.” A nota esclarece ainda, que “nenhum leito de UTI fica vazio. Assim que vaga — por alta ou óbito do paciente — é imediatamente ocupado por paciente inserido na Central de Regulação, pelas unidades de saúde de todo o estado”. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que as unidades de sua rede não realizam o procedimento de cateterismo.
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