quarta-feira, 2 de abril de 2014

MAIS UM SERVIÇO DE SAÚDE DESTRUÍDO POR EDUARDO PAES,RESULTADO DA NÃO MOBILIZAÇÃO DA POPULAÇÃO.ACABARAM VIGORANDO AS NEGOCIAÇÕES COM A SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE.


 JORNAL DO BRASIL
 

Salles Netto: fim de atendimento pediátrico exclusivo preocupa moradores

O local será um Centro Municipal de Saúde e fará atendimento a adultos e crianças

Jornal do BrasilGisele Motta * 
      No último domingo (30) diversos itens – como macas e condicionadores de ar - começaram a ser retirados do Hospital Municipal Salles Netto (HMSN), no Rio Comprido, Zona Norte do Rio. Em protesto, nesta segunda (31), moradores acenderam velas em frente ao hospital. A informação da Coordenadoria de Saúde da Área de Planejamento (CAP 1.0) é que as adequações exigidas pelo Ministério do Trabalho estão sendo feitas no local. Os moradores, porém, estão preocupados com o sucateamento do hospital e a principal mudança que irá ocorrer: o fim do atendimento exclusivo de crianças.
      A informação de que o hospital vai começar a atender também a adultos foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Ainda segundo a SMS, o local não será transformado em uma clínica da família, como os moradores temiam. Ainda assim, o hospital será transformado em um Centro Municipal de Saúde, que muda a configuração de atendimento.
    “Essa questão de Centro Municipal já está confirmada. O hospital fazia parte da subsecretaria de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência e agora faz parte Subsecretaria de Atenção Primária, Vigilância e Promoção da Saúde. As informações é que em três semanas, o CMS estará atendendo a adultos e funcionando a pleno vapor”, disse o secretário executivo da Associação de Moradores dos Bairros do Rio Comprido (Amorico), Gian Carlo de Oliveira. Segundo ele, uma reunião foi marcada para o próximo dia 9, com o subsecretário de Atenção Primária, Daniel Sorranz, que irá discutir com os moradores a situação do hospital. 
      A unidade faz hoje uma média de 80 atendimentos ambulatoriais e de especialidades pediátricas por dia. Com as mudanças, passará para 320, entre crianças e adultos. Perguntado sobre o aumento de efetivo, a SMS não respondeu. Ela também não se pronunciou sobre a gestão do hospital que passa a ser uma Organização Social (OS).
    Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, Jorge Darze, as mudanças no Salles Netto estão sendo feitas de forma irregular “Eles estão usando uma denúncia do Sindicato dos Médicos, que exigia melhores condições de trabalho, para mudar tudo. Estão passando por cima do Conselho Distrital e da regulamentação da OS, privatizando a saúde e se transformando comodamente em apenas gestores”.
    Darze se refere ao Conselho Distrital AP 1.O, que é responsável pela região. Ainda ano passado, em outubro, o Conselho deliberou contra as decisões de mudança de atendimento no Salles Netto, mas não foi respeitado. Para Oliveira, passar por cima do órgão gera insegurança. “Isso foi um descumprimento sério de uma decisão de um órgão que faz o controle social na questão da saúde. Nos perguntamos se o que está sendo dito será cumprido”, explica. 
    “Temos um histórico de falta de compromisso da SMS, por isso a apreensão. Não queremos que o hospital seja transformado em uma clínica da família lá na frente, nem que perca a qualidade. Isso depois de termos perdido a parte de internação do lugar. As crianças do Rio Comprido serão internadas onde, agora?” questiona. 
      Para os funcionários e moradores que levam seus filhos ao hospital, as mudanças não são bem-vindas. Vânia Souza Coutinho, que tem 24 netos, diz que  o atendimento no hospital é melhor do que em muitos outros locais e o aumento de pacientes a preocupa. “Eu, por exemplo,espero um exame ser feito há seis meses pelo SUS. Meus filhos foram tratados aqui e meus netos agora são. Não esperamos nem uma hora para sermos atendidos e existe um acompanhamento para quem tem asma e bronquite”, comenta. Passar a atender adultos preocupa a dona de casa. “Em outros lugares é um médico para criança e adulto, não tem pediatra. Aqui é o único lugar exclusivo e querem acabar com isso”.
     Para o funcionário da empresa terceirizada Facility, vigilante do hospital, a gestão já é complicada agora. “Estamos com o vale-refeição atrasado, e já fomos informados que o salário também vai atrasar. Como a prefeitura quer criar uma OS se nem consegue pagar as empresas que terceiriza?”, critica. 
*Do projeto de estágio do Jornal do Brasil

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